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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Aplicando as máximas de Greci em redes sociais


Neste mês estamos trabalhando com as máximas de Greci para produção de Fanzines, Ezines e comunicação nas redes sociais. Paul Greci foi um filosofo inglês que contribuiu muito com a linguagem da comunicação, desenvolvendo estudos na área pragmática. Iremos estudar sua famosa tese intitulada "princípio cooperativo" 

As quatro máximas 

1- Só fale aquilo que você tem certeza 
2 - tenha qualidade na informação (seja produtivo) não enrole 
3 - Seja claro (objetivo) não deixe dúvidas
4 - Seja relevante (e tenha ordem) na comunicação

Abaixo segue a sistematização (fonte Mais Unifra)

Introdução

Sempre que falamos ou escrevemos, o fazemos com uma intenção e em um contexto específico. Por isso, não há modelos definitivos de textos. Mas há um campo da linguística que estuda esse fenômeno da linguagem em uso, chamado PRAGMÁTICA. Pragmática é uma disciplina que foca a língua sobre determinados olhares, buscando explicar, dentre outros aspectos, como os falantes conseguem entender enunciados a partir de contextos, compreendendo mais do que as expressões significam e por que um falante prefere dizer alguma coisa de maneira indireta a manifestá-la de forma direta. Dentro dos estudos pragmáticos há o estudo do Princípio Cooperativo de Grice. É sobre ele que vamos nos debruçar agora, para entendermos melhor como Paul Grice pensava a “boa comunicação”.

Conceito/Definição de Pragmática

Levinson (2007) define a pragmática como o estudo da linguagem a partir de uma perspectiva funcional, isto é, a explicação da estrutura linguística por referência a pressões e causas não linguísticas. Nessa perspectiva, uma teoria pragmática é parte do desempenho da interpretação da língua em um determinado contexto. Uma definição que almeja especificamente o interesse da pragmática por características da estrutura linguística pode assegurar que pragmática é o estudo das relações entre língua e contexto que são gramaticalizadas ou codificadas na estrutura de uma língua (Levinson, 2007). Redefinindo, podemos dizer que a pragmática é o estudo apenas dos aspectos que estabelecem a relação entre a língua e o contexto.

Outra questão pontuada por Levinson (2007), e de extrema importância para a pragmática, é a diferença entre sentença e enunciação. Sentença consiste numa entidade teórica e abstrata, definida numa teoria gramatical, e a enunciação é a emissão de uma sentença num contexto efetivo. Podemos dizer que aquilo que o falante diz é enunciado e, por seguinte, a enunciação é designada como “qualquer extensão de conversa, de uma pessoa, antes e depois da qual ocorre silêncio por parte dessa pessoa” (HARRIS, 1951, apud LEVINSON, 2007, p.23). A semântica trata do significado da sentença fora do contexto e a pragmática, do significado em contexto antes do significado da enunciação.

Podemos inferir, então, que a pragmática é o estudo que relaciona as línguas, e o contexto é base para a compreensão da linguagem, “o mundo social e psicológico em que o usuário da língua opera em determinado momento” (OCHS, 1979, apud LEVINSON, 2007, p.27).

Para Levinson (2007 p. 32), “a pragmática deve tratar justamente desses mecanismos pelos quais um falante pode querer dizer mais ou dizer algo inteiramente diferente daquilo que efetivamente diz, explorando inventivamente as convenções comunicativas”.

Pragmática conversacional

Deter-nos-emos na pragmática conversacional de Paul Grice, a qual pressupõe que as pessoas aderem a uma certa regra de conduta para a conversação, procurando serem cooperativas umas com as outras. Grice apresenta um conjunto de quatro máximas para que a comunicação seja de fácil compreensão. Pode-se dizer, portanto, que o domínio das máximas revela competência pragmática, ou seja, competência comunicativa. O autor ressalta também que essas máximas são igualmente aplicáveis tanto na linguagem oral quanto na linguagem escrita, pois ambas estabelecem a interação entre os homens. O conhecimento e o respeito as “máximas” ou regras torna mais fácil a produção e a interpretação de textos.

Princípio Cooperativo de Grice

Para Santos (1997), Grice, em seu modelo de comunicação, o Princípio Cooperativo, pressupõe que as pessoas aderem a uma certa regra de conduta para a conversação, procurando serem cooperativas umas com as outras. Fazem perguntas, dão respostas, esperam a sua vez de falar, fornecem as informações necessárias. Grice formula esse Princípio Cooperativo ressaltando que o interlocutor faça a sua contribuição de modo que se espera que ela aconteça, no momento em que ela deve acontecer com o objetivo em andamento. Estrategicamente, para a realização dessa forma comunicacional, Grice apresenta um conjunto de quatro máximas para que a comunicação seja bem-sucedida.



MÁXIMA DE QUANTIDADE

De acordo com Santos (1997, p. 43), a máxima da quantidade diz respeito à necessidade de que as informações sejam dadas em quantidade suficiente para que o texto seja compreendido. Por exemplo, quando convidamos alguém para uma festa devemos fornecer as informações necessárias para que a pessoa possa participar dela. Quais seriam essas informações? A razão da festa é uma delas. Sabendo qual a razão da comemoração, o convidado poderá escolher o presente, a vestimenta e até decidir se vai ou não à comemoração. A data e o horário da festa são importantes para que o convidado agende-se e não a esqueça. O local é importante, também, para que o convidado possa estar presente e para a escolha da vestimenta. Esse procedimento chama-seesforço cooperativo.


MÁXIMA DE QUALIDADE

Grice (1982) acredita que quando estamos em uma interação verbal devemos alocar somente informações que sejam importantes para a manutenção da interação. Também se espera que, em respeito a essa máxima, os interlocutores apresentem informações verídicas (Santos, 1997). Não se deve informar, portanto, aquilo que se acredita ser falso ou de que não se tenha certeza da veracidade. A violação da máxima de qualidade pode ocasionar problemas no resultado final da interação, que certamente será diferente do esperado. Vejamos o caso de um aluno que falta algumas aulas e busca informações com uma colega sobre o que ele perdeu em termos de trabalhos e conteúdos. Se a colega não souber dar as informações que o aluno busca, ele não terá como realizar as atividades que precisa e o resultado será negativo.


MÁXIMA DE RELEVÂNCIA

A máxima da relevância (ou da relação, nas palavras de Grice (1982) diz respeito à adequação das informações ao contexto de interação. A pessoa deve ser relevante para o momento da conversação, não acrescentar informações que possam confundir a compreensão do leitor, ser direto ao se pronunciar. Quando alguém pergunta a você que horas são, essa pessoa espera que você diga algo como: são 15 horas. Agora, se você resolve dizer algo como “Está frio hoje” em resposta à pergunta das horas, você está violando a máxima da relevância, pois sua resposta não é relevante à pergunta. No extremo da violação da máxima da relevância, a conversa torna-se incompreensível.


MÁXIMA DE MODO

A máxima de modo diz respeito às formas de expressão de ideias e informações. Os interlocutores, em respeito a essa máxima, devem utilizar a linguagem de forma clara, precisa, concisa e ordenada, com o objetivo de que haja entendimento na interação.

Na máxima de modo, Grice apresenta quatro maneiras de violação da máxima:

 obscuridade: uso de palavras ou expressões que dificultem o sentido do texto ou que sejam difíceis, técnicas e desconhecidas, consequentemente, incompreensíveis ao interlocutor;
 ambiguidade: uso de elementos da linguagem que permitem a dupla interpretação ou a referência a mais de uma explicação;
 prolixidade: uso de muitas palavras para dizer algo bem simples e que poderia ser dito de forma mais concisa;
 desordem: colocação das informações de forma não sequencial, dando a impressão de que cada sentença está solta, sem organização.




Violação do princípio


Sob a perspectiva do modelo de Grice, Santos (1997) considera que, ao construirmos um texto, essas máximas podem ser violadas ou não. Quando obedientes a essas máximas, conseguimos maior eficácia na conversação. Do contrário, nossa mensagem será indevidamente compreendia. Dessa forma, é inevitável a pergunta: quando podemos concluir que as máximas estão sendo violadas? Por exemplo:

a) Se repetirmos desnecessariamente uma ideia ou palavra, a máxima de quantidade estará sendo violada.
b) Toda vez que usarmos figuras de linguagem (metáforas, eufemismos, personificação, ironia, hipérbole) extrapolaremos a máxima de qualidade.
c) Violamos a máxima da relevância toda vez que “destoamos” do assunto em questão. A coerência deve permear a conversação.
d) A ambiguidade (fala dúbia), a obscuridade (não interpretação do assunto), a não brevidade (“enrolação” ao falar) e a falta de ordem, (eventos narrados fora da sequência real dos fatos) extrapolam a máxima de modo.
Por esse entendimento, a obediência às máximas, de acordo com Grice, é essencialmente produtiva à comunicação entre os indivíduos de uma sociedade, visando à cooperação entre autor e leitor para obtermos um bom entendimento do texto, pois, ao contrário, um mesmo enunciado pode ser interpretado diferentemente.  Por trás dessas supostas infrações, existe todo um mecanismo dedutivo inferencial em funcionamento. Esses mecanismos, denominados por Grice de “implicaturas conversacionais particularizadas”, referem-se ao Princípio de Cooperação e às máximas no contexto.

Santos (1997) diz que as implicaturas de Grice são as inferências que fazemos ao interpretar um enunciado. O processo de inferência é um fator muito importante para a compreensão do texto, pois, muitas vezes, o sentido real ou a intenção do autor nem sempre está explícita nas palavras escritas, mas está implícita nas “entrelinhas”. Essas inferências são geradas de duas maneiras, dependendo da atitude do leitor com as máximas: obedecendo-lhes ou não.

Desse modo, toda vez que extrapolamos alguma máxima, geramos uma implica-tura que nos infere um sentido muitas vezes distorcido do que realmente o autor do texto quer nos passar. Assim, o processo de implicaturas e inferências são conjuntos no esclarecimento do enunciado analisado pelo leitor.

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